A alegria da Igreja é ser mãe, não um "organograma perfeito"
Durante a homilia em Santa Marta, Francisco convidou os cristãos a se abrirem para a "consolação do Senhor" e a não serem "tristes", "impacientes", "sem esperança ou "ansiosos"
Roma, 09 de Dezembro de 2014 (Zenit.org) Luca Marcolivio
À Igreja Católica não serve um “organograma perfeito" se depois não for uma mãe fecunda capaz de gerar filhos que são "cristãos alegres”. Disse o Papa Francisco esta manhã, durante a missa na capela da Casa Santa Marta.
Sobre a primeira leitura de hoje (Is 40,1-11), o Papa falou de um "povo" que "precisa de consolação" e a encontra no Senhor. "Nós, normalmente - disse ele - fugimos da consolação, temos desconfiança, sentimos mais confortáveis nas nossas coisas, mais confortáveis nas nossas faltas, nos nossos pecados."
Mas quando vem o Espírito trazer "consolação", nos leva "para outro lado que não podemos controlar: é precisamente o abandono à consolação do Senhor"; e "a consolação mais forte é a da misericórdia e do perdão."
Francisco, em seguida, reiterou: "deixai-vos consolar pelo Senhor; é o único que pode nos consolar", embora "estejamos acostumados a alugar pequenas consolações” que depois “não servem”.
Um exemplo desse consolo do Senhor é a parábola da "ovelha perdida"; exemplo de como a Igreja faz "festa" e "sente-se feliz quando sai de si mesma", quando uma pessoa "é consolada" e "sente a misericórdia e o perdão do Senhor. "
O Bom Pastor quando perde uma de suas cem ovelhas, poderia apenas "fazer as contas de um bom comerciante" e estimar como uma perda não muito ruim para o orçamento... Mas Deus tendo um “coração de pastor" sai para procurar sua ovelha até que a encontra e lhe faz “uma festa, sente-se alegre".
A Igreja sente a "alegria de sair para procurar os irmãos e irmãs que estão longe" e, agindo assim, "torna-se mãe, torna-se fecunda."
Quando a Igreja não "sai", a Igreja "se fecha em si mesma", mesmo sendo "bem organizada", com um "organograma perfeito", corre o risco de perder a "alegria", a "festa", a "paz"; torna-se uma "Igreja sem esperança, ansiosa, triste", uma Igreja mais "solteirona" do que mãe, uma Igreja "museu", que "não serve".
"A alegria da Igreja é dar à luz - continuou o Papa- a alegria da Igreja é sair de si mesma para dar vida; a alegria da Igreja é andar à procura daquelas ovelhas que se perderam: a alegria da Igreja é precisamente aquela ternura de pastor, a ternura da mãe".
A passagem de Isaías retoma a imagem do "um pastor que alimenta seu rebanho e com os braços o reúne”: “Alegria da Igreja é sair de si mesma tornar-se fecunda”.
Em sua invocação final, o Santo Padre pediu ao Senhor que nos dê a graça de "ser cristãos alegres na fecundidade da mãe Igreja" e não "cristãos tristes, impacientes, sem esperança, ansiosos", que tem tudo perfeito, mas não tem "filhos".
“Que o Senhor nos console com a consolação da ternura de Jesus e a sua misericórdia no perdão dos nossos pecados”, concluiu Francisco.